domingo, 23 de janeiro de 2011

"O que fabrica um historiador quando 'faz história?'"





A indagação inicial título desse post, que tem como autor o grande pensador Michel De Certeau é tão amplamente citada e discutida no ambiente acadêmico que acabou sendo escolhida para abrir nossos trabalhos e provocações reflexivas, pois caracteriza bem as dúvidas que permeiam o profissional durante a pesquisa, a escrita e as indagações sobre os mais variados temas.

Não vou analisar o texto clássico mais do que já é debatido. Necessitaria não de um blog com tão humildes objetivos, e sim de um espaço (e como o Certeau se debruça sobre o espaço...) preparado para infinitas discussões e tão grandes esforços por parte dos combatentes que aqui chegarem. Não. Não irei fazer isso agora... Talvez não tivesse forças para tal...

Bem, o que espero aqui é um espaço singelo de debates, de provocações e interrogações onde possa descarregar meus escritos acadêmicos e profissionais, motivando meus colegas e alunos também para um bate-papo. Talvez isso não interesse a ninguém, além de mim é claro, mas isso já seria uma problemática a ser levantada... Por que não nos interessamos pela produção das pessoas que estão próximas a nós? Que sentimento nos corrompe e nos coloca distante da observação do outro e do mais próximo lugar a nosso alcance?

Não observamos direito nem mais os nossos pais (se o tivermos), as transformações ocorrem e não percebemos. Talvez faltem mais reflexões sobre a realidade que substituam esse pragmatismo... Certeau, como grande historiador que era, indagou o ofício do historiador, a mais nobre de todas as disciplinas e ciências ao lado de suas companheiras que estudam o homem em seus mais variados aspectos. Não foi vencido pelos receios que poderiam impedir a sua crítica revolucionária ao fazer historiográfico. Sua coragem é admirável e sua erudição invejável.

A história humana é feita a partir de continuidades e rupturas que são exploradas e manipuladas por nós mesmos, homens egoístas e narcisistas (com a licença poética do pleonasmo), temos dificuldade de fazer belas críticas e elogios como os de Benjamin... Talvez seja inexperiência nossa... Certamente é intencional. O outro é tão misterioso... Mas há quem o supere! O eu talvez ainda seja menos explorado e cause mais temores.

Acredito que seja o momento: abro os trabalhos desse blog particular que não sobreviverá só de mim... Conto com vocês para visitarem e comentarem (mesmo sabendo que poucos superarão a barreira do “enter”). Faço apenas uma advertência: esse espaço é construído na base da liberdade e do respeito. Fiquem à vontade para criticar o dono desse espaço nos mais variados aspectos, mas se sintam convidados a refletirem sobre as mais variáveis questões e possibilidades.

Fica como dica de leitura o livro "Entre quatro paredes" do genial Jean-Paul Sartre (único a recusar o Nobel de literatura por livre vontade).

E como dica de música eu indico "Eu Sei", do álbum "Que País é Este?" (1987) - Legião Urbana.

Obrigado a você que chegou vitoriosamente a última linha desse post. Volte sempre e reflita mais!

Thiago Rocha